domingo, 15 de março de 2015

A vida de Liberta e Nado.

Nado viveu muito próximo à Liberta,

mas ele com cabrestos não enxergava ela por perto.


Liberta não tinha leis, padrões e muito menos regras


e se a ele fosse dado a visão, viveria ao lado de Liberta.


Mas como em toda sociedade não diferente daqui, para se 


enquadrar


nos padrões foi obrigado a casar-se com Ali.



E cada um de nós carregamos a vida de -AlieNado-


segunda-feira, 13 de outubro de 2014

Desembarcando da vida.

 Sabe, eu não consigo me concentrar
voltei para casa procurando em 
outros rostos aquele olhar, que custeou
todo o peso do meu medo de um dia ter acreditado 
amar.
 Este coração calejado que habita um corpo 
marginalizado por não se enquadrar nos padrões
é obrigado a manter-se calado. 
 Então caminho até a cozinha e me pego pensando
por onde você deve de estar andando. Enquanto adoço o café
sinto o gosto amargo da vida que por um tempo andou tão
fria quanto está bebida que goela abaixo vou ingerindo,
mas é impossível de ser digerida, mas engulo, já que não vejo saída.
 Acendo um cigarro e ligo a TV, o algoz vem via satélite
e não é bem isso que eu quero ver, 
o que eu queria mesmo era estar na marginal Tiete seguindo as placas que me levaram a você. 
 Em cinzas o cigarro se desfez e não precisei tragar sequer uma vez,
assim a vida vai fazendo comigo sem que eu perceba vou sendo consumido. 
 Tive a minha subjetividade saqueada e tudo que planejei não me serviu pra nada, já que nesse jogo eu fui a carta marcada.
 Por hoje todo peso que sinto vai se desfazendo a cada palavra 
que vou escrevendo, com o tempo contado, mas com o corpo conformado, eu me desprendo do sistema que me manteve algemado. 
 Se você soubesse o quanto me libertou, eu voltaria atrás, mas agora
tanto faz, já que esse nó não se desfaz. 
 Vão dizer que fiquei louco, ou rotular como depressão, mas a escolha que fiz foi a de libertar esse coração, eu prefiro a corda no pescoço à sobreviver nesse mundo cão.

quinta-feira, 9 de outubro de 2014

O marginal

Foi dentro de um vagão de trem cheio
que eu me senti
a pessoa mais vazia, mal me movimentava 
e sentia a falta de uma companhia.

Ao meu redor todos estavam conectados
aos tablets, smartphones, fones de ouvido
ipod.
Ao mundo irreal conhecido como virtual
porque hoje é la que as pessoas guardam os
seu amigos.

Estação da sé a campainha tocou,
a porta se abriu, da maneira que
eu entrei a forma que sai, ninguém notou,
mas fui carregado por um monte de corpos vazios.

Vazio. 
O povo esgotado 8 horas de trabalho
4 horas dentro da sala de aula trancado
e o único momento descanso é em pé dentro
de um transporte coletivo lotado.

Pessoas vão e vem, o que um dia
chamaram de navio negreiro  
hoje em dia anda sobre trilhos
e chamamos de trem.

Somos escravos, recebemos ordens 
a todo momento.
produza, faça trabalhos, realize provas
pesquise, passe no vestibular, arrume um emprego
porque para o sistema são esses os princípios que dignificam 
a vida
E a carteira de trabalho e a nossa carta de alforria.

Na televisão nos jornais deram letras e nos dividem
em classes sociais. Mas essa balela não
me engana não, dizer que o individuo
que anda de carro do ano, usa iphone, mora
no jardins é o ser humano em ascensão?

Falou, eu estou tranquilo, agora
prossigo dentro de um novo vagão
rodeado por amigos. Conectados
pela poesia, pela musica, pela arte, pelas
necessidades de cada coração que bate.

Prosseguindo na contra mão sou marginalizado
pelo sistema, mas aí qual o problema?
Quero deixar bem claro que dentro dos meus braços
cabem todos os seus abraços
e apenas com essa coisa de "touch screen" eu não me satisfaço.

quinta-feira, 25 de setembro de 2014

Em memoria.

Carlos Augusto Muniz Braga
Saiu do Piaui com o sonho de 
ganhar a vida em São Paulo,
precisamente no bairro da Lapa.

A estreia do cinema, jogos, camisetas
relógios, cosméticos, carregador de celular
livros, softwares e o material escolar
quem nunca foi salvo por um ambulante
quando alguma dessas coisas precisou 
comprar?

Por conta do capital o acesso é restrito
e qualquer um que tente burlar já é
visto como perigo.
Mas qual o risco pra quem sente,
fome, frio e vive dentro de um muquife? 

E esse estado fascista, que prende
artista, ativista e quem ousa lutar 
por seus direitos é tido terrorista
que enquadra trabalhadores com os pés
na cara a luz do dia.

E o despejo de moradias que pra televisão
garante o ibope manipulam informações
e te fazem aplaudir o choque.
Amarildo, Claudia, Carlos.
Até quando vamos ficar contando disparos?

Fardados ou não
Eu prefiro lutar à me render
a hipocrisia de vocês
que assassinaram Carlos e 
em casa baixam MP3.

Se você defende a pena de morte
também se torna um agressor
cuidado para não ser o oprimido
ao lado do opressor.

Hoje com o coração partido, cheio de dor
mas com muito amor
e com todo esse calor
posso lhes dizer
SOMOS TODOS CAMELÔS.

quinta-feira, 11 de setembro de 2014

Racionamento

Entro no banho e penso na vida
enquanto me ensaboo de baixo da água fria
o passado escorre
acho que tudo era menos ofusco
eu acho.
Enquanto me esfrego me lavo com a realidade
mas me afogo com a dura verdade
de que inútil foi planejar a longo prazo
então eu fico parado
sem me dar conta da água que vai para o ralo
também não era esse o banho que eu queria.
Enquanto exáguo meu corpo encharco a cara
e quando desligo o chuveiro
não era água
me lavava com lagrimas.

terça-feira, 19 de agosto de 2014

Antes de me esquecer

Mesmo tua boca beijando outras bocas
que não a minha
Mesmo tuas mão correndo pelo corpo
que não o meu 
Mesmo que todo teu desejo
não seja eu.

Meus lábios nunca tocaram lábios tão gostosos
Quanto os teus
Meu corpo frio nunca foi tão excitado por mãos
Tão alvas quanto as tuas
Quantos cílios guardei em meu peito desejando
eternizar com você.

Quando estou com pressa tem algo a ver com você
Quando o tempo para é porque estou com você
Se sinto frio é porque vou me despindo para você
Se meu corpo esquenta é porque encontra o corpo seu.
Me embriago em teu libido e me perco com prazer.

segunda-feira, 4 de agosto de 2014

A vida no automático

Passa a pressa eu fico nessa,
como uma pilha que descarrega...
Mal reflito sobre o que ouço,
O diploma é o que me interessa!

Passa a pressa eu fico nessa,

como uma pilha que descarrega...
Confinado num escritório,
ganhando a vida com horas extras.

Passa a pressa eu fico nessa,

como uma pilha que descarrega...
Na fila da previdência,
eu sou um número à espera...

Passa a pressa eu fico nessa,

como uma pilha que descarrega...
Rivotril me da descanso,
viver já não me interessa.

Passa a pressa eu fico nessa,

como uma pilha que descarrega...
Estudei muito, vivi pouco
para trabalhar para outro.
Não conheci a beleza da juventude
Um dia fui João, agora sou
um código para o sistema de saúde.